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Migrações de Insetos

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Migrações de Insetos.

Trilhões de insetos migram

Dados surpreendentes mostram que muitas espécies fazem jornadas anuais

Algumas borboletas migram milhares de quilômetros por ano; no entanto, cientistas conjeturaram que a maioria dos outros insetos passam suas vidas praticamente em um só lugar. Errado. Um estudo de 10 anos constatou que mais de 3,3 trilhões de insetos migram muito acima do sul da Grã-Bretanha todos os anos, especialmente na primavera e no outono. “As pessoas achavam que insetos eram passivos e apenas eram soprados acidentalmente por aí [pelo vento]”, diz o pesquisador Jason W. Chapman, da Universidade de Exeter, na Inglaterra. “Isto não é, absolutamente, o caso. Insetos fazem escolhas ativas sobre quando migrar e como usar os ventos, muitas vezes movendo-se de maneira rápida e por longas distâncias, em direções benéficas”. O que eles estão procurando, presume Chapman, é uma vegetação mais viçosa e um clima melhor para procriar. Estudos iniciais realizados no Texas, na Índia e na China estão mostrando padrões semelhantes. A migração de insetos, resume Chapman, “está começando a parecer ser universal”. —Mark Fischetti. Mais de 70% das migrações ocorrem no período diurno. A noite acontecem menos.

Fonte: Revista Scientific American Brasil. Maio 2017.


Africa pode dar fim à Malária

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África pode dar fim à malária mas a organização africana que combate a doença precisa de dinheiro.

Mais de 65 anos atrás, os americanos acharam uma forma de garantir que ninguém mais morresse de malária. A doença sumiu dos EUA em 1951, graças às estratégias do Escritório de Controle da Malária em Zonas de Guerra, criado em 1942, e do Centro de Doenças Transmissíveis (hoje Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, CDC), fundado em 1946. A ideia para montar os Centros de Controle e Prevenção de Doenças da própria África (o CDC África) foi concebida em 2013 e formalizada após o pior surto de ebola da história, no ano seguinte. O CDC África, lançado oficialmente em janeiro deste ano, é uma parceria em crescimento, que visa desenvolver a capacidade dos países para ajudar a criar um mundo que seja seguro e protegido contra ameaças de doenças infecciosas. Assim como os americanos tornaram a formação de seus CDC uma prioridade, os africanos têm a responsabilidade de assegurar o financiamento e o desenvolvimento de nosso CDC, para evitar que as doenças alterem ainda mais o curso de nossa transformação socioeconômica. O ebola é aterrorizante para muitas pessoas, mas a malária é mais devastadora: as últimas estatísticas da Organização Mundial da Saúde mostram que mais de 400 mil pessoas morreram por causa dela em 2015, e 92% das mortes ocorreram na África subsaariana. Além disso, seis países na África respondem por 47% de todos os casos de malária no mundo. Com base em meus anos de trabalho para organizações como o Fundo Global de Combate à Aids, Tuberculose e Malária, o Programa de Desenvolvimento das Na-ções Unidas, a Comissão Econômica para a África da ONU e o Fundo de Solidariedade África contra o Ebola, vejo três prioridades necessárias para gerar um impacto e acabar com a malária: Primeiro, devemos fortalecer e construir mecanismos para coletar dados em tempo real de comunidades em toda a África, para a tomada consciente de decisões. A expansão de telefones celulares é um método importante para conseguir isso, porque conectam pessoas e seus dados de saúde para intervenções direcionadas a fim de prevenir e deter surtos. O CDC África e seus cinco Centros de Colaboração Regional devem liderar a transição que asseguraria a coleta, a divulgação e a interpretação consistente de dados. Segundo, devemos proporcionar novos recursos para apoiar o CDC África. O custo do ebola para Serra Leoa, Guiné e Libéria, foco do surto, chegou a US$ 4 bilhões. O setor privado africano arrecadou US$ 34 milhões para acabar com o ebola de vez. Essa dinâmica deve continuar para o CDC fundado pela África. Alguns países africanos e organizações similares de saúde em todo o mundo forneceram recursos iniciais para que o CDC África fosse lançado, mas não basta. Os africanos têm a responsabilidade de financiar mais US$ 34 milhões nos próximos dois anos para tornar a África mais segura e mais forte para o crescimento econômico.Em terceiro lugar, devemos investir de outras formas para acabar com a malária. O setor privado e a classe média criativa são a chave para acabar com a doença para sempre. Não conseguiremos isso sem cobertura de saúde universal, através de um CDC África totalmente financiado e operacional.Já existem sinais positivos de que os recentes aumentos de recursos, a determinação política e os compromissos das comunidades estão levando à possibilidade de eliminação da malária e, em última instância, sua erradicação. No Senegal, por exemplo, hoje só 3,3% das visitas ambulatoriais estão relacionadas à malá-ria, abaixo dos 36% registrados há 15 anos. Apesar de a transformação ser impressionante, a eliminação completa da doença no Senegal e em outros países não pode ser alcançada sem esforços regionais e continentais apoiados por dados e provas mais fortes. A malária, assim como outras doenças que podem ser prevenidas, continua a desafiar nossa capacidade de transformar nossas economias no ritmo necessário para dar suporte ao crescimento da nossa população. Em última análise, para que a África consiga erradicar a malária, é necessário traduzir o mandato do CDC África dado pela União Africana num mecanismo financiado capaz de prover informações para o investimento em saúde. Acabar com a malária foi o ímpeto que levou a um CDC forte e confiável nos EUA, e agora a África tem a oportunidade de repetir esse sucesso — idealmente até 2030, quando o mundo se reúne para avaliar o progresso dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Temos a oportunidade de salvar muitas vidas através do CDC África. Vamos tornar isso realidade.



Fonte: Scientific American Brasil 2017

Pseudociências em crescimento

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Carl Sagan estava certo. Na obra O Mundo Assombrado Pelos Demônios, de 1995, o astrônomo prevê que, em um futuro no qual as pessoas se sentem descrentes em relação à política e os políticos não conseguem representar os desejos da população, a humanidade iria se voltar para as pseudociências.

Bactérias podem ajudar pererecas a atrair parceiros

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Bactérias podem ajudar pererecas a atrair parceiros

Anfíbios desenvolveram relação simbiótica com os microorganismos

Descoberta do papel de microrganismos simbiontes isolados da pele de anfíbios foi feita por pesquisadores brasileiros e publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences. Na imagem, perereca da espécie Boana prasina fêmea (esq.) e macho cantando – Foto: Andrés Brunetti

Em trabalho de pós-doutorado realizado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, o pesquisador Andrés Eduardo Brunetti, orientado por Norberto Peporine Lopes, professor titular da FCFRP, junto a sua equipe de pesquisa, descobriram que o forte odor exalado por algumas espécies de anfíbios é produzido por bactérias e seria uma forma de atrair parceiros. Exemplo notável de simbiose, tais bactérias ajudam na hora do acasalamento. A descoberta desse papel dos microrganismos, isolados da pele de pererecas, foi publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

A pesquisa contou com apoio do programa Biota-Fapesp, da USP, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

“Nos anuros (sapos, rãs e pererecas) é comum ver diversas espécies diferentes dividindo um mesmo lago ou brejo. Além disso, nesses locais existem em média 30 pererecas-macho para cada fêmea de uma mesma espécie. A dúvida é como as fêmeas fazem para reconhecer os machos da sua espécie em uma multidão de machos de várias espécies, todos vocalizando ao mesmo tempo”, disse Brunetti.

“Sabia-se que, nos anuros, a vocalização dos machos tem a função de atrair fêmeas, e que cada espécie tem um canto característico. Verificamos que o odor desempenharia função semelhante, servindo de sinal olfativo que permitiria às fêmeas reconhecerem os machos da espécie”, disse.

Os biólogos desconheciam também que havia diferença no odor de pererecas machos e fêmeas. Brunetti fez tal constatação ao longo de sua pesquisa, cujo objetivo primário era entender a composição química dos componentes voláteis exalados da pele de diversas espécies de pererecas.

Sua hipótese de trabalho sugeria que o cheiro fosse um sinal químico de advertência que serviria para afastar predadores. Para verificar a hipótese, Brunetti foi a campo em várias localidades do Estado de São Paulo e Rio de Janeiro para coletar espécimes da perereca arborícola cará-cará (Boana prasina).

“É muito difícil coletar fêmeas no campo. No primeiro momento, só conseguimos coletar machos. Quando observamos indicação de haver diferença sexual no odor dos bichos, fui a campo novamente com o objetivo específico de capturar fêmeas para comparação”, disse.

“Durante o meu doutorado no Museu Argentino de Ciências Naturais, em Buenos Aires, ao investigar os compostos voláteis de duas outras espécies de sapos, descobri que as secreções eram formadas por uma mistura de 35 a 42 compostos de nove classes químicas diferentes. Na ocasião, percebemos que alguns daqueles compostos tinham a assinatura específica de compostos produzidos por bactérias”, disse Brunetti.

O pesquisador veio ao Brasil para investigar se existiam bactérias na pele de pererecas arborícolas selecionadas para produzir o cheiro característico de cada espécie e quais compostos eram produzidos. O trabalho em laboratório teve duas frentes: a análise dos compostos voláteis exalados da pele das pererecas e a identificação das bactérias lá existentes.

Por meio de técnicas de cromatografia gasosa e de espectrometria de massa, Brunetti e colegas puderam conhecer a diversidade dos componentes voláteis na pele de Boana prasina. Verificaram que a secreção volátil da pele de machos e fêmeas adultas é uma mistura de 60 a 80 compostos, incluindo álcoois, aldeídos, alcenos, éteres, cetonas, metoxipirazinas, terpenos e tioéteres.

Os cientistas constataram que os componentes voláteis da pele das pererecas machos e fêmeas eram exatamente os mesmos. O que não esperavam era descobrir variação nos níveis dos compostos. A análise apontou para uma diferença sexual marcante nos níveis dos terpenos, tioéteres e metoxipirazinas.

“Dos três componentes responsáveis pelas diferenças entre os sexos, os tioéteres e metoxipirazinas são compostos tipicamente produzidos por microrganismos”, disse Brunetti.

Para investigar se esse era o caso com a espécie Boana prasina, os pesquisadores isolaram, cultivaram e identificaram bactérias associadas à pele das pererecas e analisaram os seus componentes voláteis. Foram detectados 128 componentes diferentes.

A investigação de cada um dos componentes resultou na identificação de quatro metoxipirazinas presentes em machos e fêmeas, que são produzidas por uma única bactéria do gênero Pseudomonas.

Brunetti verificou que, em Boana prasina, as metoxipirazinas são muito mais abundantes nas fêmeas do que nos machos. Dos quatro tipos de metoxipirazina detectados, dois possuem níveis de concentração mais elevados nas fêmeas e dois entre os machos.

“Pererecas exalam um odor marcante. Às vezes, dá até para reconhecer uma espécie específica a partir do seu cheiro, mas ainda não se conhecia a função de tal odor. Uma hipótese era que se tratasse de um cheiro aposemático, ou seja, um sinal químico de advertência que serviria para afastar predadores, como fazem os cangambás [Mephitis mephitis] entre os mamíferos, por exemplo”, disse Célio Haddad, professor do Instituto de Biociências e do Centro de Aquicultura da Universidade Estadual Paulista (Unesp), um dos autores do artigo.

De acordo com Haddad, tal hipótese era considerada pelo fato de muitas espécies de anfíbios, especialmente as venenosas, exibirem coloração chamativa, que funciona como um alerta visual para afugentar predadores. “Pensávamos que entre os anuros o odor pudesse desempenhar função semelhante”, disse.

“A importância e a originalidade do trabalho de Brunetti é indicar, pela primeira vez, a existência de uma diferença marcante no odor exalado por pererecas de sexos opostos. Nenhum trabalho com anuros havia sugerido esse tipo de comportamento. Os resultados sugerem que tal odor serve para permitir o reconhecimento mútuo entre machos e fêmeas da mesma espécie, com fins de acasalamento”, disse Haddad.

Relacionamento simbiótico

“O interessante nas bactérias Pseudomonas sp. é que elas vivem na pele de machos e fêmeas, onde metabolizam os mesmos compostos voláteis, porém em níveis de concentração que variam de acordo com o sexo do hospedeiro”, disse Brunetti.

Segundo o pesquisador, os níveis de metoxipirazinas nas pererecas sugere a existência de um complexo mecanismo de interações metabólicas, segundo as quais o ambiente na pele de cada sexo seria diferente e favoreceria a síntese de metoxipirazinas características em machos e fêmeas.

“Estabeleceu-se uma relação simbiótica entre pererecas e bactérias. Em troca do serviço prestado pelas bactérias, de diferenciação sexual a partir do odor, as pererecas fornecem um ambiente – a própria pele – onde as bactérias podem proliferar”, disse.

Brunetti ainda não sabe qual a função, para as pererecas, da diferença sexual nos níveis de metoxipirazina exalados pelas bactérias na pele. “Nossa suposição é que a diferenciação de odor sirva para ajudar os machos de Boana prasina a reconhecerem as fêmeas de sua espécie em locais onde habitam outras espécies de pererecas”, disse.

“Sabemos que os anuros são animais que empregam de forma disseminada a comunicação visual (coloração chamativa na pele) para afastar predadores e a comunicação acústica (vocalização) para atrair as fêmeas para o acasalamento. Talvez as pererecas Boana prasina estejam empregando uma forma de comunicação olfativa com a mesma finalidade”, disse.

Tal hipótese, que Brunetti tentará verificar em futuros estudos, tem grandes repercussões. “Até o momento, só é conhecido outro anuro [sapos, rãs e pererecas] de Madagáscar que se comunica por meio do cheiro. Entre os anfíbios, sabemos que isso ocorre entre as salamandras, parentes distantes dos anuros”, disse Haddad.

“Se as pererecas Boana prasina se valem do cheiro como forma de comunicação olfativa, quem sabe outras espécies não estejam fazendo o mesmo, dado que cada espécie tem o seu odor característico. A descoberta de Brunetti, se confirmada, abre um novo campo de investigação na herpetologia, que agora passará a estudar a comunicação entre anuros não apenas pelas vias visual e acústica, mas também pela via olfativa”, disse.

O artigo Symbiotic skin bacteria as a source for sex-specific scents in frogs (https://doi.org/10.1073/pnas.1806834116), de Andrés E. Brunetti, Célio F. B. Haddad, Mônica T. Pupo e Norberto P. Lopes, está publicado no site da PNAS.

Peter Moon / Agência Fapesp

FONTE https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-biologicas/bacterias-podem-ajudar-pererecas-a-atrair-parceiros/

Mistura de agrotóxicos encurta vida e altera comportamento de abelhas

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Mistura de agrotóxicos encurta vida e altera comportamento de abelhas

 

Associação entre inseticida e fungicida derruba em até 50% o tempo de vida destes insetos polinizadores

Estudo mostrou que dose não letal de inseticida clotianidina reduz em até 50% o tempo de vida dos insetos; uso associado com o fungicida piraclostrobin altera comportamento das operárias e pode comprometer a colmeia.

Um novo estudo realizado por biólogos brasileiros sugere que o efeito dos agrotóxicos sobre as abelhas pode ser maior do que se imagina. Mesmo quando usado em doses consideradas não letais, um inseticida encurtou o tempo de vida dos insetos em até 50%. Além disso, os pesquisadores observaram que uma substância fungicida considerada inofensiva para abelhas alterou o comportamento das operárias, tornando-as letárgicas – fato que pode comprometer o funcionamento de toda a colônia. Os resultados da pesquisa foram publicados na revista Scientific Reports, do grupo Nature.

O trabalho foi coordenado por Elaine Cristina Mathias da Silva Zacarin, professora na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), campus Sorocaba. Também participaram pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP. A investigação contou com apoio da Fapesp, da Capes e da Cooperativa dos Apicultores de Sorocaba e Região (Coapis).

 Agricultura brasileira é dependente de polinizadores ameaçados de extinção Queda acentuada de polinização gera impacto na agricultura

É um fato conhecido que diversas espécies de abelhas estão desaparecendo em todo o mundo. No Brasil, o fenômeno tem sido observado desde pelo menos 2005. E não estão desaparecendo apenas os indivíduos da espécie Apis mellifera, abelha de origem europeia e principal responsável pela produção comercial de mel. Nas matas brasileiras, há centenas de espécies selvagens possivelmente afetadas. O impacto econômico previsto é imenso, pois grande parte da agricultura depende do trabalho de polinização realizado por esses insetos. É o caso, por exemplo, de todas as frutas comestíveis.

A causa do sumiço repentino em massa também já é conhecida: a aplicação indevida e indiscriminada de defensivos agrícolas. “No Brasil, as monoculturas de soja, milho e cana dependem do uso intensivo de inseticidas. A contaminação das colônias de abelhas ocorre quando, por exemplo, os agricultores não respeitam uma margem de segurança mínima (são recomendados 250 metros) na aplicação de defensivos agrícolas entre as lavouras e as áreas florestais que as margeiam. Tem gente que aplica produtos químicos até o limite da floresta”, disse o professor Osmar Malaspina, da Unesp de Rio Claro.

“Na Europa e nos Estados Unidos, as colônias de abelhas morrem aos poucos. Desde a constatação inicial da morte das primeiras abelhas até a morte da colônia pode levar um mês ou até cinco meses. No Brasil não é assim. Aqui, as colmeias desaparecem em apenas 24 ou 48 horas. Não existe nenhuma doença capaz de matar uma colmeia inteira em 24 horas. Só inseticidas podem provocar isso”, contou o docente.

Uso associado de defensivos

Segundo Malaspina, testar em laboratório todos os mais de 600 tipos de ingredientes ativos em inseticidas, fungicidas, herbicidas e acaricidas usados no Brasil é impossível. Para contornar o problema, entre os anos de 2014 e 2017, foi realizado um estudo para identificar, dentre os 44 ingredientes ativos mais usados na agricultura paulista, quais poderiam estar relacionados à mortalidade das abelhas. Foram detectados oito ingredientes com ação comprovadamente letal para os apiários.

A equipe do projeto coletou material em 78 municípios paulistas. Trabalhando com os apicultores, os agricultores e a indústria de defensivos, os pesquisadores recomendaram uma série de ações para proteger apiários, como a observação de margens de mínima segurança na aplicação de agrotóxicos e de boas práticas agrícolas.

“Já descobrimos que um determinado tipo de fungicida, que quando aplicado de modo isolado no campo é inofensivo às colmeias, ao ser associado a um determinado inseticida se torna nocivo. Não chega a matar as abelhas como os inseticidas, mas altera o comportamento dos insetos, comprometendo a colônia”, disse Zacarin.

Os ingredientes ativos investigados foram a clotianidina, inseticida usado para controle de pragas nas culturas de algodão, feijão, milho e soja, e o fungicida piraclostrobina, aplicado nas folhas da maioria das culturas de grãos, frutas, legumes e vegetais.

Qualquer agrotóxico em grandes concentrações dizima colmeias quase imediatamente. Mas o que os pesquisadores estudam são os efeitos sutis e de médio a longo prazo sobre as colmeias, como as concentrações residuais encontradas no pólen das flores. “O que nos interessa é descobrir a ação residual dos agrotóxicos, mesmo em concentrações baixíssimas, sobre esses insetos”, disse Zacarin.

 

Mudança de comportamento

Os testes foram todos feitos in vitro, com insetos confinados dentro de laboratórios para não ocorrer contaminação ambiental. Nessas condições, larvas de Apis mellifera foram separadas em grupos diferentes e alimentadas entre o terceiro e o sexto dia de vida com uma dieta composta de açúcar e geleia real. O que variou foi o tipo de ingrediente tóxico presente no alimento, sempre em concentrações diminutas, na faixa de nanogramas (bilionésimos de grama).

A dieta do grupo controle não continha agrotóxico. No segundo grupo, a dieta foi contaminada com o inseticida clotianidina. No terceiro grupo, a contaminação foi por fungicida (piraclostrobina). E, no quarto grupo, havia uma associação do inseticida com o fungicida.

 “Depois do sexto dia de vida, as larvas se tornam pupas e entram em metamorfose, de onde emergem como operárias adultas. No campo, uma abelha operária vive em média 45 dias. Em laboratório, confinada, vive menos. Mas os insetos alimentados com a dieta contaminada pelo inseticida clotianidina em baixíssima concentração apresentaram tempo de vida drasticamente menor, de até 50%”, disse Zacarin.

Já entre as larvas alimentadas com a dieta contaminada apenas pelo fungicida piraclostrobina não se observou nenhum efeito sobre o tempo de vida das operárias. Isso não significa que a substância seja inofensiva às abelhas. Nenhuma morreu na fase de larva e de pupa. Porém, verificou-se que, na fase adulta, as operárias sofreram modificação em seu comportamento. Elas se tornaram mais lentas do que os insetos do grupo controle – o que, no meio ambiente, poderia prejudicar o funcionamento de toda a colônia.

“As operárias jovens fazem inspeções diárias na colmeia, o que as leva a percorrer certa distância. Elas se movimentam bastante dentro da colônia. Verificamos que, no caso das abelhas contaminadas tanto pelo fungicida sozinho ou associado ao inseticida, a distância percorrida e a velocidade foram muito menores”, disse Zacarin.

Ainda não se sabe de que forma o fungicida age para comprometer o comportamento das abelhas. “Nossa hipótese é que a piraclostrobina, quando associada a um inseticida, diminuiria o metabolismo energético das abelhas. Novos estudos em andamento podem vir a elucidar esse mecanismo”, disse Zacarin.

 

Peter Moon /Agência Fapesp

https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-biologicas/mistura-de-agrotoxicos-encurta-vida-e-altera-comportamento-de-abelhas/

 

Entenda o que acontece com o corpo humano na "zona da morte" do Everest

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Entenda o que acontece com o corpo humano na "zona da morte" do Everest

Falta de oxigênio e frio extremo tornam sobrevivência a 8 mil metros de altitude quase impossível

Um estudo publicado em 2017 mostra que a população nepalesa da etnia Xerpa é adaptada geneticamente para se dar bem em altitudes muito elevadas, já que esse grupo vive perto da cadeia de montanhas do Himalaia. Aliás, é por esse motivo que aqueles que alcançaram o cume do Monte Everest mais vezes são naturais da região. O recordista Kami Rita Sherpa, de 50 anos, já chegou ao topo do mundo 24 vezes: “Sou saudável. Posso continuar até os 60 anos. Utilizando oxigênio extra, não é grande coisa”, disse à BBC.

A atividade, contudo, não é fácil para a maioria das pessoas: o corpo humano simplesmente não foi criado para sobreviver em altitudes muito elevadas — como na conhecida “zona da morte” do Everest, a mais de 8 mil metros do nível do mar. A falta de oxigênio e o frio são alguns dos fatores que fazem da escalada uma tarefa hercúlea, mas questões como o cansaço, a insônia, e, recentemente, a lotação de exploradores na hora do “ataque ao cume” tornam a situação ainda mais complicada.

Cadê o ar? No nível do mar, o ar contém aproximadamente 21% de oxigênio, mas a partir dos 3,6 mil metros de altitude esse nível diminui em 40%. Na “zona da morte” — a partir de 8 mil metros de altitude — respirar se torna missão praticamente impossível (mesmo com oxigênio extra). "Você está morrendo lentamente a mais de 5,4 mil metros", disse Peter Hackett, professor clínico do Departamento de Ciências Pulmonares da Universidade do Colorado, ao Popular Science: "Mas quando você chega a mais de 7 mil metros, você começa a morrer muito mais rapidamente".

A falta de oxigênio resulta em inúmeros riscos para a saúde. Quando a quantidade de oxigênio no sangue cai abaixo de um certo nível, a frequência cardíaca sobe para 140 batimentos por minuto, aumentando o risco de um ataque cardíaco. Além disso, crescem as chances de se ter um edema pulmonar, assim como faltas de ar, sentimento de fraqueza e tosse.

Por conta disso, os exploradores chegam à base do Everest muito antes de fazerem a exploração ao cume — eles passam semanas em um acampamento que serve como base. Durante esse período, os alpinistas passam por uma aclimatação, na qual farão missões a partes mais altas da montanha para acostumar o corpo ao ambiente hostil.

Ao longo dessas semanas em altitudes elevadas, o corpo começa a produzir mais hemoglobina (a proteína dos glóbulos vermelhos que ajuda a transportar o oxigênio dos pulmões para o resto do corpo) para compensar a situação vivida pelo organismo. Mas o excesso de células do tipo pode alterar a espessura do sangue, tornando mais difícil para o coração bombear o sangue pelo corpo — o que pode resultar em um derrame ou no acúmulo de líquido nos pulmões.

Confusão mental A falta de oxigênio também pode causar confusão mental. Em alguns casos, a falta da substância faz com que os alpinistas esqueçam onde estão e comecem a delirar — fenômeno que alguns especialistas consideram uma forma de psicose de alta altitude.

Além disso, o poder de  julgamento dessas pessoas fica prejudicado — como começar a se despir ou conversar com amigos imaginários. Outra consequência é a diminuição do tempo de reação e a dificuldade de executar tarefas motoras consideradas simples, como se segurar a uma corda, por exemplo. "Alguém que está com pouco oxigênio pode pensar que ele pode se sentar, e ele nunca vai se levantar", contou Hackett. “O que alguém está vivenciando é a exposição à exaustão, em combinação com  hipotermia.”

Tudo isso pode resultar em edemas cerebrais (além dos pulmonares), que contam com outros sintomas perigosos, como vômitos, dificuldade para dormir — que resulta em ainda mais cansaço — e dificuldade de enxergar. "A cada segundo ou terceiro suspiro seu corpo fica sem ar, e você acorda”, lembrou Shaunna Burke, em entrevista ao Business Insider.

Friozinho O frio também é um problema: no verão do Everest, a temperatura não supera os 15ºC negativos. Nessa situação, até o menor período de tempo de exposição de pele desprotegida pode resultar no congelamento do corpo. Isso, claro, além do risco de hipotermia.

 “Estamos literalmente correndo contra o relógio e morreremos se não descermos”, escreveu Luanne Freer, fundadora de uma unidade de emergência no acampamento de base do Everest, ao Popular Science. “Mau tempo, neve, terreno difícil, multidões que impedem a subida ou descida de uma corda fixa, uma pequena lesão— qualquer coisa que nos atrapalhe pode ser potencialmente mortal.”

Popularidade Embora seja necessária uma permissão do governo nepalês que custa cerca de U$ 11 mil [aproximadamente R$ 45 mil] para escalar o Monte Everest, a popularidade da montanha cresce cada vez mais. Como contam os alpinistas mais experientes, um dos motivos é o fato de que as autoridades do Nepal não solicitam qualquer tipo de comprovante ou teste de habilidade para emitir a autorização. Ou seja, basicamente qualquer um que possa pagar pode fazer a escalada, mesmo sem as habilidades necessárias.

O tumulto é perigoso, principalmente, porque os exploradores fazem a exploração ao pico no mesmo período, devido às condições de tempo mais favoráveis. Até maio, mais de 800 pessoas já haviam alcançado o topo do mundo na temporada de 2019.

A primeira escalada documentada ao pico do Everest — que fica a uma altiude superior a 8,8 mil metros — e foi realizada pelo neozelandês Edmund Hillary e o nepalês Tenzing Norgay, no dia 29 de maio de 1953. 

No período, imagens divulgadas nas redes sociais de alpinistas chamaram atenção: é possível ver uma fila com mais de 300 pessoas fazendo o “ataque” no mesmo momento. Aliás, esse é um dos motivos que, para os especialistas, levou a morte de 11 pessoas nessa temporada: "Havia mais de 200 alpinistas chegando ao topo", contou Elia Saikaly, que chegou ao cume no fim de maio, ao The Guardian: “Eu encontrei um escalador falecido… O corpo dessa pessoa foi fixado a um ponto de ancoragem entre duas linhas de segurança e cada pessoa que estava subindo em direção ao cume teve que passar por cima daquele ser humano”.

Outro motivo para a superpopulação do Everest é o vencimento, no fim de 2019, das licenças tiradas para escalar a montanha entre 2014 e 2015. No biênio, a atividade ficou proibida por conta de desastres naturais.

Vale lembrar que, quanto mais tempo alguém passa em altitude tão elevada, maior é a chance de desenvolver problemas de saúde. "Muitas vezes, essas pessoas, embora nem sempre, investiram somas significativas de dinheiro e tempo nessa atividade. E em um dia em que as condições climáticas são boas, você pode imaginar que seria muito difícil convencer alguém a se virar porque a fila é longa", afirmou Andrew Luks, professor na Universidade de Washington School of Medicine, ao Live Science.

Mistérios Surpreendentemente, a maior parte das mortes ocorre na descida do Everest: “O fato de que essas pessoas estão morrendo no caminho de volta é realmente intrigante, porque a doença da altitude não acontece no caminho para baixo”, disse Hackett. Segundo ele, é possível que mais pessoas estejam morrendo simplesmente porque o número de alpinistas no local cresceu, e, logo, aumentou também probabilidade estatística de pessoas com problemas de aventurarem no local.

Sem autópsias, que podem ser difíceis de obter em condições tão severas, essas mortes podem permanecer um mistério. "Às vezes, as pessoas simplesmente saem [de lá] e não querem falar sobre isso... Estamos no escuro", relatou Hackett.

Fonte: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2019/06/entenda-o-que-acontece-com-o-corpo-humano-na-zona-da-morte-do-everest.html

Cientistas ingleses criam primeiro ser vivo com DNA 100% sintético

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Experiência foi feita em uma bactéria; com o código genético sintético ela pode ajudar a criar remédios ou se tornar mais resistente à contaminação de vírus. Para a decepção de fãs de histórias em quadrinhos e ficção científica, cientistas ainda não conseguem fabricar soros especiais para criar super-humanos, mas já podem produzir uma bactéria com código genético totalmente sintetizado em laboratório. O feito foi realizado por estudiosos da Universidade de Cambridge, Inglaterra, e marca o primeiro ser vivo com DNA 100% criado em laboratório.Os resultados da pesquisa, que levou dois anos para ser concluída, foram publicados na reconhecida revista científica Nature. A bactéria utilizada na experiência é da espécie Escherichia coli (E. coli), encontrada no solo e no intestino humano. Depois de modificada, recebeu o nome de Syn61 e consegue sobreviver com um código genético simplificado. A E. coli “original” é utilizada na produção de insulina para diabetes e medicamentos para o tratamento de câncer, esclerose múltipla e ataques cardíacos. Quando as bactérias são atacadas por um vírus, a produção inteira precisa ser jogada fora. Com a conquista científica, o dano poderia ser evitado, porque o ser vivo com código genético sintético pode ajudar a criar remédios ou se tornar mais resistente à contaminação de microrganismos.Como os cientistas criaram o DNA. Para falar sobre o trabalho dos estudiosos, primeiro é preciso entender como um DNA existe dentro do corpo dos seres vivos. As informações do código genético, que controlam todo o organismo, são codificadas em sequências de quatro moléculas, chamadas bases nitrogenadas. São elas: adenina (A), citosina (C), guanina (G) ou timina (T). Unem-se em pares específicos para formar pontes de hidrogênio: adenina sempre com timina e citosina com guanina, ou A-T e C-G. Cada molécula de DNA cria uma sequência específica de informação, formada por milhares de pares de bases hidrogenadas, chamada gene. Os genes determinam a síntese de proteínas. Elas, por sua vez, são constituídas de cadeias de moléculas menores chamadas aminoácidos, classificados por um conjunto de três letras de DNA. Essa trinca de bases é chamada de “códons”. Há 64 combinações possíveis de três letras para codificar os 20 aminoácidos existentes.Para criar o DNA sintético, os pesquisadores fizeram mais de 18 mil testes com o código genético da bactéria removendo alguns desses códons e substituindo por outros fabricados que executam a mesma função. No final, o organismo que tinha 64 códons ficou com 61, e foi capaz de sobreviver mesmo assim. Desse modo, os cientistas criaram um DNA completamente novo que substituiu as moléculas originais. Com um código tão diferente do normal, os vírus podem ter dificuldade para infectar a bactéria.

Fonte: https://olhardigital.com.br/noticia/cientistas-ingleses-criam-primeiro-ser-vivo-com-dna-100-sintetizado/86070

Ciência e Pseudociência!

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http://www.each.usp.br/rvicente/TADI04_CienciaPseudociencia.pdf

Poema: O Poder dos Alimentos Saudáveis na Escola

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Poema: O Poder dos Alimentos Saudáveis na Escola

Na escola, há um segredo que vou contar,Alimentos saudáveis prontos para nos ajudar.Frutas coloridas com sabor sem igual,Ensinam lições de um bem natural.

Na lancheira, um arco-íris a brilhar,Cores que trazem saúde ao paladar.A maçã crocante, o pão integral,Dão energia para o nosso jornal.

No intervalo, é festa de verdade,Com cenouras e uvas, pura vitalidade.O corpo agradece, a mente sorri,Com escolhas que fazem a gente evoluir.

Deixamos os ultraprocessados para trás,Porque a saúde é o que nos faz mais.Na cantina, é o natural que reina,Alimentar o futuro é a nossa senha.

Então, que tal mudar e experimentar?Na escola, o saudável sempre vai ganhar.Porque no prato, está a lição maior,Comer bem é o caminho para ser melhor.