Experiência foi feita em uma bactéria; com o código
genético sintético ela pode ajudar a criar remédios ou se tornar mais
resistente à contaminação de vírus. Para a decepção de fãs de histórias
em quadrinhos e ficção científica, cientistas ainda não conseguem
fabricar soros especiais para criar super-humanos, mas já podem produzir
uma bactéria com código genético totalmente sintetizado em laboratório.
O feito foi realizado por estudiosos da Universidade de Cambridge,
Inglaterra, e marca o primeiro ser vivo com DNA 100% criado em
laboratório.Os resultados da pesquisa, que levou dois anos para ser
concluída, foram publicados na reconhecida revista científica Nature. A
bactéria utilizada na experiência é da espécie Escherichia coli (E.
coli), encontrada no solo e no intestino humano. Depois de modificada,
recebeu o nome de Syn61 e consegue sobreviver com um código genético
simplificado. A E. coli “original” é utilizada na produção de insulina
para diabetes e medicamentos para o tratamento de câncer, esclerose
múltipla e ataques cardíacos. Quando as bactérias são atacadas por um
vírus, a produção inteira precisa ser jogada fora. Com a conquista
científica, o dano poderia ser evitado, porque o ser vivo com código
genético sintético pode ajudar a criar remédios ou se tornar mais
resistente à contaminação de microrganismos.Como os cientistas criaram o
DNA. Para falar sobre o trabalho dos estudiosos, primeiro é preciso
entender como um DNA existe dentro do corpo dos seres vivos. As
informações do código genético, que controlam todo o organismo, são
codificadas em sequências de quatro moléculas, chamadas bases
nitrogenadas. São elas: adenina (A), citosina (C), guanina (G) ou timina
(T). Unem-se em pares específicos para formar pontes de hidrogênio:
adenina sempre com timina e citosina com guanina, ou A-T e C-G. Cada
molécula de DNA cria uma sequência específica de informação, formada por
milhares de pares de bases hidrogenadas, chamada gene. Os genes
determinam a síntese de proteínas. Elas, por sua vez, são constituídas
de cadeias de moléculas menores chamadas aminoácidos, classificados por
um conjunto de três letras de DNA. Essa trinca de bases é chamada de
“códons”. Há 64 combinações possíveis de três letras para codificar os
20 aminoácidos existentes.Para criar o DNA sintético, os pesquisadores
fizeram mais de 18 mil testes com o código genético da bactéria
removendo alguns desses códons e substituindo por outros fabricados que
executam a mesma função. No final, o organismo que tinha 64 códons ficou
com 61, e foi capaz de sobreviver mesmo assim. Desse modo, os
cientistas criaram um DNA completamente novo que substituiu as moléculas
originais. Com um código tão diferente do normal, os vírus podem ter
dificuldade para infectar a bactéria.
Fonte: https://olhardigital.com.br/noticia/cientistas-ingleses-criam-primeiro-ser-vivo-com-dna-100-sintetizado/86070